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sexta-feira, 19 de julho de 2013

TÉCINICA HANEMANIANA (dinaminação ou potencialização)

Antes de mais nada, para compreendermos o que é medicamento homeopático e como são preparados, precisamos voltar na história, ao tempo de Hahnemann. Ele não foi o - descobridor - da Homeopatia, mas podemos considerá-lo seu - pai -, a figura que realmente sistematizou o método de tratamento através da Lei da Semelhança.A idéia era utilizar uma substância que provocasse sintomas semelhantes aos observados no indivíduo doente. Porém, se fosse usada uma grande quantidade desta substância, o resultado seria tornar o indivíduo, já doente, ainda mais doente, e com os mesmos sintomas. Portanto, Hahnemann pensou em usar a mesma substância (Lei da Semelhança), porém em quantidade pequena, bem pequena mesmo.  

Pulsatilla nigricans usada para trartar depressão

Desta forma, ele começou a diluir as substâncias que tencionava utilizar. Todos nós temos porém a noção de que, se usarmos uma quantidade MUITO pequena, a ação da substância deve diminuir, e talvez até desaparecer. Quando Hahnemann começou a diminuir a quantidade, percebeu isto também. Observador atento, notou também que, AO AGITAR a solução - talvez de forma intuitiva, talvez no início apenas para bem homogeneizá-la - ela, em vez de perder sua força, pelo contrário, tornava-se mais potente, mais ativa. Apesar de conter cada vez menor quantidade da substância inicial, a solução parecia adquirir uma - força -. A este processo conjunto, de diluição e agitação, Hahnemann deu o nome de dinamização, lembrando - dynamo -, ou força. Chamamos de potência ao número de vezes que a substância foi dinamizada. Quanto mais dinamizada, maior a potência do medicamento. Do ponto de vista homeopático clinico, dizemos que, quanto mais dinamizado (e portanto mais diluído), mais potente é o medicamento.

Os medicamentos homeopáticos são (quase sempre) dinamizados, isto é, a substância original é diluída e agitada. Para que isto ocorra, partindo de uma substância com a qual preparemos um medicamento, temos que considerar se ela é solúvel ou não. Para afirmarmos se esta solubilidade ocorre, é importante admitirmos quais solventes podem ser utilizados: os tradicionalmente usados são a água, o álcool etílico e a glicerina. Quando a substância não for solúvel nestes solventes, precisaremos lançar mão de outra estratégia, que será a trituração.Na dinamização, usamos uma solução hidroalcoólica para diluir (frequentemente álcool a 70%) e movimentos de - batida - contra um anteparo semi-rígido para agitação. Chamamos este processo de agitação de sucussão. Se uma substância é solúvel em água ou álcool etílico, puros ou combinados, ela será dissolvida, na proporção de 1%, e agitada 100 vezes. Em seguida, nova diluição e 100 agitações.                                       



Já o processo de trituração será aplicado para substâncias insolúveis. Neste caso, usaremos a lactose para - diluir -. Para agitar, usaremos o movimento de triturar a substância entre o pistilo de porcelana, contra as paredes do recipiente, um gral de porcelana. A trituração é feita também na proporção de 1% da substância ativa em lactose. Divide-se a lactose em 3 porções. Toma-se cada uma destas porções, coloca-se no gral de porcelana e tritura durante 6 minutos. Como a mistura da lactose com a substância fica fortemente aderida nas paredes do gral, é necessário raspar, com uma espátula também de porcelana, as paredes do gral, fazendo com que a lactose possa ser novamente triturada, por mais 6 minutos, e novamente raspada. Adiciona-se o segundo terço da lactose, repete-se o procedimento. Adiciona-se o terceiro terço da lactose e repete-se, pela última vez. Assim, depois de 1 hora, obtemos a primeira trituração – centesimal – da substância. Fazendo isto mais uma vez (mais uma hora) e ainda outra vez (uma terceira hora), chegamos à terceira trituração centesimal da substância, que pode ser solubilizada em solução hidroalcoólica. A dinamização continuará então conforme já descrito acima, através da diluição e da agitação.                                                                  grau com ppestilo
                                                    técnica de trituração das substâncias

Quando partimos de um vegetal ou animal, podemos triturá-lo, porém usualmente preparamos uma tintura, isto é, uma extração alcoólica da substância. Como esta tintura será diluída e dará origem às dinamizações (seus - filhotes -), ela é chamada de tintura-mãe. A tintura-mãe é feita colocando-se a substância em contato com solução alcoólica de graduação adequada para que os princípios ativos da planta sejam retirados, passando para a solução. É o mesmo princípio das populares - garrafadas -. Chama-se - tintura - porque extrai também princípios ativos coloridos, formando um líquido colorido. As tinturas são usadas de forma pura, porém para Homeopatia, são diluídas em soluções hidroalcoólicas e agitadas, isto é, dinamizadas.

As diluições podem ser feitas em diferentes proporções ou escalas. A mais comum é na proporção de 1:100, também chamada escala centesimal. Para fazê-la, usamos 1 parte da droga para 99 partes de solução água/álcool. É a mais comum entre nós e foi preconizada por Hahnemann. O médico alemão Hering, introduziu a escala decimal, preparada na proporção de 1:10, isto é, 1 parte da substância medicinal para 9 partes de solução hidroalcoólica.

Este método é chamado de hahnemanniano, também chamado de - frascos separados -. As agitações podem ser feitas manualmente (através de movimentos ritmados do antebraço, de batida contra o anteparo) ou através de um equipamento chamado de - braço mecânico -, quando uma máquina tenta reproduzir o movimento do braço. É uma técnica simples, porém, demorada e trabalhosa. Os medicamentos assim produzidos são chamado de CH, porque foram diluídos através da escala centesimal (por isto C) e método hahnemanniano (H).

Quando se pergunta até que potência uma substância pode ser dinamizada através do método hahnemanniano, a resposta é... depende. Depende do 
 método mecânico para preparo de altas potências, que é o fluxo contínuo. Trata-se de um equipamento mecânico, composto de uma câmara de vidro, onde ocorre a dinamização. Aí é colocada a dinamização 30CH da substância a ser dinamizada. Nesta câmara há entrada de água (o diluente) de modo contínuo, e também um orifício para saída da água. Uma haste de vidro, com uma pá na extremidade, gira em torno de si mesma, produzindo a agitação. Ligamos a agitação (isto é, ligamos o motor) ao mesmo tempo que abrimos a entrada de água. Desta maneira, a diluição e a agitação iniciam-se ao mesmo tempo. Diferente do processo hahnemanniano, agora a diluição é contínua, e daí o próprio nome do processo, fluxo contínuo.tempo disponível, do número de funcionários, da proposta de trabalho da farmácia. Alguns farmacêuticos propõem-se a dinamizar até a 30CH, outros chegam à 200CH, outros sobem alguns medicamentos até a 1000CH ou mesmo seguem além.
Para obter potências superiores, existem outras possibilidadesNo final de sua vida, Hahnemann propôs ainda um método diferente para preparo de medicamentos homeopáticos: a cinquenta-milesimal (LM). Este método também apresenta uma nova escala de diluição, que é de no mínimo 1:50.000 a cada passagem. Iniciamos triturando sempre todas as substâncias, durante 3 horas. Em seguida é preparada uma solução com 0,06g da 3ª trituração e 500 gotas de uma solução preparada com 400 gotas de água e 100 gotas de álcool. Tiramos 1 gota desta solução e adicionamos 100 gotas de álcool. Fazemos 100 fortes sucussões e com esta solução (chamada LM1) vamos impregnar pequenos glóbulos (microglóbulos cuja uma centena pesam 0,06g). Para prosseguir, tomamos 1 desses microglóbulos, dissolvemos com 1 gota de água, adicionamos 100 gotas de álcool e novamente fazemos 100 fortes sucussões, obtendo a LM2. Continuamos desta maneira as potências LM seguintes.            

                                                             
Para Hahnemann, este método causaria menos agravações nos pacientes, possibilitando uma cura rápida, suave e duradoura.

Agora vamos falar de onde vem as substâncias utilizadas para preparar medicamentos homeopáticos
Sabemos então que vegetais podem originar medicamentos homeopáticos. Aliás, a maior parte deles provém mesmo do reino vegetal, cerca de 70%. Talvez por isto, frequentemente a Homeopatia é confundida com chás e extratos vegetais. Na verdade, eles são parte da Fitoterapia, que é a terapêutica através dos vegetais. A Homeopatia utiliza vegetais, porém quase sempre transformados através da dinamização. É até possível utilizar extratos e tinturas vegetais de acordo com a Lei da Semelhança, mas é uma exceção na terapêutica homeopática.

Voltando aos exemplos anteriores, percebemos que os medicamentos homeopáticos também podem ser obtidos a partir de animais, como secreções, venenos (Lachesis), animais inteiros (Coccus cacti - conferir) ou de suas partes (ver exemplo). Nos casos citados são utilizados animais saudáveis, porém às vezes é uma secreção patológica que importa (Psorinum, por exemplo, é preparado através da secreção da sarna).

Ainda fazemos medicamentos a partir de minerais, como o Ferro (Ferrum metallicum), o grafite (Graphites), cristais (Silica) ou Enxôfre (Sulphur). Podemos fazer tinturas-mãe de vegetais e de animais, porém não dos minerais. Uma parte pode ser solubilizada (como Cloreto de Sódio, que chamamos de Natrum muriaticum), porém diversos minerais são insolúveis, e para eles lançamos mão da trituração, já descrita acima.


Uma vez obtida a dinamização desejada, feita a partir de determinada substância, em dado método, escala e potência, é agora necessário adicioná-la a um veículo adequado para ser administrado. Surgem então as formas farmacêuticas utilizadas para medicamentos homeopáticos.
A mais comum são os glóbulos, que são pequenas esferas brancas, feitas de sacarose. As farmácias homeopáticas compram glóbulos neutros, inertes, e colocam determinada % da dinamização desejada sobre eles. Esta % depende da literatura seguida, e varia de 1 a 10%.

                                                                    glóbulos
Em seguida, aparece a forma líquida, administrada em gotas ou em colheradas (doses repetidas) ou como dose única. O veículo varia entre água destilada .
Existem ainda prescrições em comprimidos (feitos em máquinas de comprimir, normalmente pela industria, em pastilhas ou tabletes, em pó (que pode ser acondicionado em papéis ou em cápsulas).

Como  puderam ter uma idéia, a técnica de preparo do medicamento homeopático é simples, ainda que exija paciência, dedicação e perseverança. Em nosso país os medicamentos são dinamizados em farmácias homeopáticas, que contam com a presença do farmacêutico homeopata. Este profissional, além de atender aos clientes, prepara os medicamentos prescritos por clínicos homeopatas: médicos, dentistas e veterinários.







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